
“A política do Pão e Circo” na área de Tecnologia e Inovação
Por Juliana Ribeiro
Você se lembra daquele velho ditado: “Política do Pão e Circo”? Pois é, recentemente participei da cerimônia de inauguração de um laboratório inovador hacker em um órgão público e só lembrei dele.
Por qual motivo me veio à mente? A cerimônia possuía cerca de 50 jovens e entusiastas de inovação. Como o sala do laboratório era pequena – um lugar onde cabiam cerca de 10 pessoas – muitos estavam do lado de fora. Parecia um encontro de jovens e adolescentes animados por utilizar “práticas hackers” com os computadores da unidade pública. O objetivo, segundo citado no dia, era promover a inovação.
Pensei com “meus botões”:
1) Que valor esse projeto com título de “Laboração de Inovação” trará para a sociedade?
2) Que benefício para o setor de tecnologia local?
3) Que tipo de inovação gerará?
Passaram-se dias e não encontrei ninguém que me desse uma resposta plausível.
Considerações para reflexão
- Quem vai participar desse laboratório são desempregados ou estudantes. Empregados não estarão lá, pois trabalham. Ou seja: àqueles que estão na labuta, ganhando dinheiro para sustentar a família, estão excluídos da ação.
- Se o governante quer mesmo gerar valor para a sociedade, por qual motivo não emprega esses jovens, mesmo que seja em um estágio temporário? Isso poderá gerar valor para suas famílias e prepará-los para o mercado de trabalho.
- Soube que um dos objetivos desse chamado laboratório hacker é gerar transparência nas ações do governo para com a sociedade. Porém, isso é mais do que uma obrigação de qualquer governante. Afinal de contas, ele foi eleito pelo povo, que também paga o seu salário, bem acima da média brasileira.
Por qual motivo um líder governamental faz isso?
- Porque ele é mal assessorado e desinformado: Por não conhecer o setor e não vivê-lo, ele considera que essa ação pode ser interessante; e
- Por conta de uma estratégia de marketing político: Ou seja, colocar alguns computadores em uma sala para adolescentes custa barato. Além disso, liberar esse ambiente os deixa empolgados e interessados. Qual entusiasta de tecnologia que nunca teve a vontade de hackear algo?
E onde ficam as políticas públicas de Tecnologia?
As perguntas que não querem calar são: e os profissionais de Tecnologia, esses lutadores que fazem a TI se mover e gerar valor para a economia? E as empresas, que sofrem com altos impostos e tiveram de demitir de forma significativa nos últimos tempos? E os editais de fomento para pequenas, micro empresas e startups de base tecnológica? O setor precisa de editais sérios feitos e avaliados por empreendedores.
Enfim, onde estão as politicas públicas regionais para fazer realmente inovação e tecnologia? A resposta é: ninguém sabe.
A esperança é a última que morre
Acreditamos que algum dia a nossa região terá fortes políticas em tecnologia e inovação que vão gerar real valor para a comunidade. Ações de valor para a sociedade e fomento para a economia local.